Texto e foto : Divulgação/Assessoria |
O estágio é uma das fases cruciais na formação de qualquer estudante do ensino profissionalizante, mas infelizmente ainda existem muitas barreiras até a conquista da vaga. Um levantamento da Associação Brasileira de Estágios (Abres) aponta que o país tem 20 milhões de aptos ao estágio, mas somente 1,1 milhão conseguem ser selecionados.
No ensino médio técnico, voltado justamente para a rápida inserção no mercado, a taxa de estágio ainda é muito baixa: apenas 2,6% dos estudantes conseguem uma vaga — um índice que revela os desafios da área e reforça a importância de iniciativas que aproximem os jovens do mercado de trabalho.
Especialistas apontam uma série de fatores para explicar o cenário. Entre eles estão a exigência cada vez maior das empresas por profissionais com experiência prévia e a redução dos quadros de pessoal, que leva ao acúmulo de funções entre os colaboradores. Além disso, há uma valorização crescente não apenas do conhecimento técnico, mas também de competências comportamentais, como boa comunicação e capacidade de liderança.
Uma estratégia que vem sendo adotada por instituições de ensino é ampliar parcerias com o mercado para garantir, ainda durante a formação, o estágio dos estudantes. A coordenadora pedagógica do Centro de Ensino Técnico (Centec), Christiane de Carvalho, conta que o caminho tem dado certo. A escola, já tradicional em Manaus, formou mais de três mil alunos em uma década.
“Os nossos alunos são encaminhados para os estágios assim que surge a necessidade. Temos nossos convênios firmados e conseguimos fazer com que os alunos também tenham a experiência, inclusive antes dos estágios”, comenta ela.
Para vencer a barreira da falta de experiência, comum na primeira formação, a professora diz que a escola aposta em realizar atendimentos gratuitos à comunidade durante ações sociais. A iniciativa acaba sendo importante tanto para o público externo quanto para os estudantes. Alguns cursos que participam das ações são o de técnico em enfermagem, estética, serviços jurídicos, massoterapia, eletrotécnica e refrigeração.
“Isso faz com que eles tenham essa vivência da prática, algo muito solicitado no mercado de trabalho. Com essas atividades, eles conseguem treinar as habilidades técnicas e também entender a dinâmica de atendimentos, do contato com o público real”, diz.
Comportamento
Outro desafio que já vem sendo enfrentado pelas instituições de ensino é a demanda cada vez maior do mercado por habilidades comportamentais, não apenas técnicas. Uma pesquisa do Observatório de Carreiras e Mercado, divulgada em 2024, mostrou que 59,08% das oportunidades de estágio em um portal de carreiras do Paraná priorizavam as competências de comportamento.
Também chamadas de soft skills, no inglês, essas habilidades incluem a comunicação eficaz, trabalho em equipe, liderança, resiliência, pensamento crítico, resolução de problemas, gestão de tempo e adaptabilidade, dentre outras.
Christiane de Carvalho diz que as escolas têm estado atentas a essa realidade. No Centec, por exemplo, os alunos de todos os cursos têm como módulos básicos Psicologia e Ética do Trabalho, que os ajuda a desenvolver essas habilidades. As aulas práticas, inclusive com atendimentos ao público, são outro campo para aperfeiçoar as soft skills.
“Essa parte é algo muito do aluno, mas que as escolas podem incentivar. O estudante é quem deve demonstrar que está preparado tanto na questão técnica como na comportamental. Isso pode ser o diferencial que vai garantir não só o estágio, mas também a efetivação em uma vaga no futuro”, sugere a coordenadora pedagógica.