Alto custo logístico penaliza indústria de alimentação do AM e trava crescimento do setor

Texto: Redação Pawe News | Foto: Divulgação |

A incerteza sobre o futuro da BR-319 representa mais do que um problema de infraestrutura; é uma barreira econômica concreta que penaliza financeiramente a indústria do Amazonas. Para o setor de alimentação, um dos pilares da economia local, a situação se traduz em custos logísticos exorbitantes, perda de competitividade e prejuízos operacionais constantes, travando o crescimento e o potencial de geração de renda no estado.

O veto presidencial à emenda que facilitaria o licenciamento da rodovia reacendeu o alerta entre os industriais. Eles veem a medida como um sinal de que o Amazonas continuará isolado do resto do país por via terrestre, mantendo a dependência de modais caros e ineficientes, como o fluvial e o aéreo.

Prejuízos Calculados: O Custo do Isolamento

Em entrevista ao Pawe News, o economista Pedro Monteiro, presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Manaus (SIAM), detalhou os impactos financeiros. “O setor produtivo não pode mais arcar com custos logísticos tão altos. Isso encarece o produto final, reduz drasticamente a margem de lucro das empresas e as impede de crescer e competir em igualdade com indústrias de outras regiões”, afirmou Monteiro, que também comanda a centenária fábrica ‘Virrosas’.

Enquanto um caminhão de carga do Sul para o Sudeste do país paga um valor ‘X’ em pedágio e combustível, o mesmo produto destinado ao Amazonas enfrenta um complexo e demorado sistema de balsas, que pode levar semanas e custar até três vezes mais. Esse custo extra é inevitavelmente repassado aos preços, onerando o bolso do consumidor amazonense e inviabilizando a exportação de produtos regionais para outros estados.

Efeito Cascata na Economia Local

Os prejuízos não se limitam às grandes indústrias. O efeito é cascata:

  • Preços mais altos: O custo logístico é incorporado ao preço final nas gôndolas dos supermercados.
  • Redução da Competitividade: Produtos fabricados no AM tornam-se menos competitivos frente aos de outras regiões.
  • Trava à Expansão: A instabilidade logística e os custos altos desestimulam novos investimentos no parque industrial local.
  • Riscos de Abastecimento: A dependência de um único modal (fluvial) torna a cadeia de suprimentos vulnerável a interrupções por questões climáticas ou operacionais, podendo gerar desabastecimento.

Uma Questão de Sobrevivência Econômica

Para o setor, a BR-319 não é um projeto, mas uma necessidade econômica urgente. A rodovia é vista como a única alternativa para destravar o potencial logístico do estado, baratear os insumos, ampliar o mercado consumidor para fora do Amazonas e atrair novos investimentos.

Monteiro reforça que a posição do setor é técnica. “Não se trata de ignorar o meio ambiente, mas de encontrar uma solução sustentável que também contemple o desenvolvimento econômico e social do Amazonas. Não dá para tratar o Amazonas como se ele estivesse nas mesmas condições logísticas do Sudeste. O prejuízo dessa visão é nosso, da indústria e da população”, concluiu.

A expectativa do setor produtivo agora está voltada para o Congresso Nacional, onde a bancada federal amazonense tenta articular a derrubada do veto presidencial. Enquanto a política não se resolve, a conta do isolamento continua sendo paga pelos empresários e consumidores do Amazonas.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esportes

Artigos

Picture of Jerfferson Coronel

Jerfferson Coronel

Uns Dos Maiores Jornalista da Nossa região norte.

Cidades

Brasil