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O uso de medicamentos para emagrecer, à base de tirzepatida (como o Mounjaro) e semaglutida (como o Ozempic), pode reduzir a eficácia de anticoncepcionais orais e aumentar o risco de gravidez não planejada. O alerta vem de autoridades internacionais de saúde e reforça a importância de orientação profissional ao iniciar esses tratamentos, cada vez mais populares entre a população brasileira.
A tirzepatida age retardando o esvaziamento gástrico, o que pode comprometer a absorção da pílula e, consequentemente, sua eficácia. A preocupação levou a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, e a Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency (MHRA), do Reino Unido, a orientarem o uso de métodos contraceptivos não orais nas primeiras semanas de tratamento ou após ajustes de dose.
“A semaglutida e a tirzepatida ‘imitam’ a ação do GLP-1 no organismo. Esse hormônio natural atua regulando os níveis de açúcar no sangue e controlando o apetite. No entanto, ao retardar o esvaziamento gástrico, pode comprometer a absorção de comprimidos, inclusive anticoncepcionais, principalmente nas primeiras quatro semanas de tratamento”, afirma a farmacêutica Bruna Lobato, da rede Santo Remédio.
Segundo a profissional, a bula do Mounjaro já informa sobre os efeitos na absorção de comprimidos, o que reforça a importância da busca por métodos alternativos de prevenção à gravidez. “Para usuárias da pílula que iniciam o tratamento para emagrecer, é fundamental conversar com o seu médico sobre contracepções de barreira, como o preservativo, ou outras opções como DIU hormonal ou de cobre, implante subcutâneo ou injeção anticoncepcional”, orienta Bruna.
Fertilidade
Outra possível consequência dos emagrecedores é o aumento da fertilidade em pessoas com obesidade. Isso porque a obesidade pode causar distúrbios hormonais que prejudicam a fertilidade, e a perda de peso tende a normalizar esses níveis, favorecendo a ovulação.
“Mulheres que desejam engravidar após o tratamento devem discutir o momento adequado com seu médico, considerando a estabilização do peso e a normalização do ciclo menstrual. Para aquelas que não querem ter filhos, a conversa com o profissional é igualmente importante para reforçar os métodos contraceptivos”, comenta Bruna Lobato.
A popularização dos emagrecedores está diretamente ligada ao avanço da obesidade no país: segundo o World Obesity Atlas 2024, cerca de 31% dos brasileiros vivem com obesidade, e esse percentual deve crescer nos próximos cinco anos. Além disso, entre 40% e 50% dos adultos não praticam atividade física com a frequência e intensidade recomendadas. O dado contextualiza a busca por soluções farmacológicas para perda de peso.
Automedicação
Mesmo com o crescente interesse, o uso desses medicamentos deve ser feito com supervisão. Dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma) divulgados em junho apontam que o país registra cerca de 20 mil mortes anuais devido à automedicação. Considerada pela Anvisa um problema de saúde pública, a prática pode causar danos irreversíveis aos órgãos e agravar doenças.
Nesse contexto, o farmacêutico se torna um aliado fundamental. “Nossa atuação vai além da dispensação: orientamos sobre interações medicamentosas, possíveis efeitos adversos e opções terapêuticas mais seguras. Mesmo quando o medicamento não exige receita, é essencial que seu uso seja feito com orientação profissional”, destaca a farmacêutica.