Texto: Redação Pawe News
Foto: Divulgação
Em uma decisão histórica e significativa para a economia do Amazonas, líderes indígenas do povo Mura de Autazes, representando 36 aldeias e aproximadamente 12 mil indígenas, apresentaram ao governador Wilson Lima a resolução da Assembleia Geral realizada nos dias 21 e 22 de setembro. Nesta reunião, os chefes indígenas do município expressaram seu apoio à implantação do Projeto Potássio Autazes.
O projeto Potássio Autazes é uma iniciativa da Potássio do Brasil e tem como objetivo explorar a vasta reserva de potássio em Autazes, localizada a 112 quilômetros da capital. A proposta visa não apenas o desenvolvimento local, mas também a criação de uma nova base econômica para o Amazonas.
“Esse é um dia muito importante, é um dia histórico porque a gente está a um passo significativo para mudar a vida das pessoas que moram no estado do Amazonas, para mudarmos, sobretudo, a vida das pessoas que estão ali no município de Autazes”, destacou o governador Wilson Lima. “A gente está falando aqui de uma outra matriz econômica no estado do Amazonas.”
A exploração do potássio é crucial para o Brasil, que atualmente importa a maior parte desse mineral usado na agricultura. O consumo brasileiro de potássio é de cerca de 12,6 milhões de toneladas anualmente, e o Projeto Potássio Autazes, com a capacidade de produzir 2,2 milhões de toneladas por ano, poderá suprir cerca de 20% dessa demanda.
José Cláudio dos Santos Pereira, coordenador geral do Conselho Indígena Mura (CIM), entregou ao governador um ofício e um relatório da Assembleia Geral, destacando a importância dessa decisão. Ele enfatizou que o povo Mura está comprometido com a sustentabilidade e que a decisão foi tomada em acordo com o entendimento de que o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) é o órgão responsável pelo licenciamento ambiental do projeto.
Adriano Espeschit, presidente da Potássio do Brasil, ressaltou que o projeto não apenas beneficiará o Brasil, mas também poderá contribuir para a segurança alimentar global. Ele enfatizou que os fertilizantes à base de potássio são essenciais para a agricultura, especialmente em um momento em que a fome é um desafio global. A exploração do potássio em Autazes será realizada de forma ambientalmente responsável, com tecnologias que minimizam impactos ambientais. O projeto, que está em fase de licenciamento ambiental, representará um investimento de US$ 2,5 bilhões e tem uma vida útil estimada em 23 anos.
“Esse é um novo momento para Autazes, para o Amazonas, para o Brasil e porque não dizer para o mundo porque a segurança alimentar depende dos fertilizantes para o agronegócio, para alimentar pessoas e eliminar a fome nesse nosso mundo. E como disse o presidente Lula, na abertura da Assembleia da ONU, mais de 750 milhões de pessoas estão passando fome. E esse é um projeto estratégico para acabar com a fome no mundo. Vamos trabalhar com os próximos passos para que possamos avançar no licenciamento e iniciar a instalação do empreendimento em Autazes”, explicou.
Os deputados estaduais do Amazonas também demonstraram apoio à exploração do potássio em Autazes durante uma sessão plenária na Assembleia Legislativa. Eles reconheceram o potencial econômico do projeto e a importância de reduzir a dependência do Brasil das importações de potássio.
“Nesse caso não temos exploração mineral em terra indígena, os Mura fazem parte das populações afetadas, que devem ser ouvidos. Os caciques e tuxauas Mura se reuniram e convidaram a empresa para prestar esclarecimentos. Em acordo com a empresa, ficaram definidas contrapartidas, como prioridade na contratação de mão-de-obra e apoio na qualificação profissional desses indígenas, garantindo que eles possam viver com dignidade, ao mesmo tempo, em que se preservam todas as tradições culturais desse povo”, declarou o deputado Sinésio Campos.
A decisão do povo Mura em apoiar o projeto é um marco crucial no processo, já que a consulta e o consentimento das comunidades afetadas são fundamentais para a exploração mineral. O projeto Potássio Autazes, se avançar, poderá transformar significativamente a economia do Amazonas e contribuir para a segurança alimentar do Brasil e do mundo.
Exploração Ambientalmente Consciente
De acordo com a empresa, o Projeto Potássio Autazes será implantado com base em práticas de engenharia e tecnologia que priorizam a sustentabilidade em todas as fases do empreendimento. Isso possibilitará a produção de cloreto de potássio de forma ambientalmente responsável.
O projeto utilizará um método de extração que envolve a silvinita, uma rocha composta por halita (cloreto de sódio, comumente conhecido como sal de cozinha) e silvita (cloreto de potássio). A empresa enfatiza que esse método não terá impactos significativos na superfície do solo nem no meio ambiente em geral. Todas as operações de extração serão realizadas utilizando o método de câmaras e pilares, a uma profundidade de 800 metros, garantindo a preservação do ambiente circundante.
Autazes
O município de Autazes é abençoado com uma das maiores reservas de potássio do mundo. De acordo com estudos minerais conduzidos pela Potássio do Brasil, a região possui uma reserva mineral impressionante, que ultrapassa 170 milhões de toneladas de cloreto de potássio. Este recurso tem o potencial de ser expandido para atender até 50% do consumo de potássio do Brasil até o ano de 2030.
A Potássio do Brasil já tem um projeto pronto para dar início à construção da infraestrutura de exploração em Autazes. Atualmente, esse projeto encontra-se em fase de licenciamento ambiental. A meta ambiciosa é suprir 20% da necessidade de potássio do Brasil a partir de 2027, reduzindo a dependência do país em relação às importações, que atualmente representam 98% do suprimento de potássio. O investimento estimado para esse empreendimento é de impressionantes US$ 2,5 bilhões, ao longo de um período de 23 anos.
Vale destacar que aproximadamente 95% do potássio produzido em todo o mundo é destinado à fabricação de fertilizantes, conforme informado pelo Instituto Brasileiro de Mineração. Mesmo sendo um dos principais exportadores de alimentos globais, o Brasil importa cerca de 85% dos fertilizantes utilizados em sua agricultura. O Projeto Potássio Autazes visa contribuir significativamente para mudar esse cenário, promovendo a autossuficiência na produção de potássio e fortalecendo a agricultura brasileira.